Você quer trabalhar ou Viver?

 

 

 

 

 

 

por, Maria Rita Sales Régis

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O cenário é o grande encontro de empreendedores servidores no SESC de Guarapari, realizado pela Escola de Governo, que reúne 600 servidores com perfil empreendedor de forma que nestas quase 36 horas de trabalho eles possam reinventar, inovar ações visando melhoria das suas práticas. Saboreando as palavras do autor do Sonho de Luíza, Fernando Dolabella, que afirma não ser legal a pessoa trabalhar apenas para viver. Avança na afirmativa, revelando o antagonismo existente entre o sistema educacional e a visão sobre o empreendedorismo.

Na década de 80 pesquisas apontaram o Brasil como um dos mais importantes celeiros de pessoas empreendedoras frente aos demais continentes.

É curioso que mesmo após tantos avanços tecnológicos, a transformação do cenário mundial e a acessibilidade constituída ao diverso, o trabalho persevere com a imagem semelhante aos tempos da escravatura, algo nocivo a vida do ser humano, que toma o tempo, que desconstrói a felicidade, o humilha e rebaixa frente aos seus contratantes e demais pessoas.

Tenho uma percepção diferente deste segmento na vida de todo ser humano. Ao invés de enjeitar, desprezar o que hoje é repugnante a um número significativo de pessoas que querem não trabalhar, ou trabalhar muito pouco ou ainda se aposentar, os convido à uma analogia: Muitas pessoas compram seus televisores com tela plana para usufruírem de todas as vantagens que o equipamento pode acrescentar à sua vida e complementam a aquisição a um serviço que disponibilizam um sem número de canais, por meio dos quais as pessoas viajam para os mais lindos recantos de possibilidades.

Vejo o trabalho desta forma, seja ele qual for. É o espaço no qual o ser humano pode exercitar sua capacidade de criar, argumentar, organizar, liderar, ousar, investir, ampliar o potencial existente em si, é uma das tantas identidades que o indivíduo agrega à sua existência, a de profissional.

Este espaço nos conecta com o mundo, dando-nos utilidade, fazendo-nos grandes artistas no ambiente da academia, da realização dos sonhos, de diferenciação, de exclusivismo. É desafiador combater a preguiça, a inapetência e enfrentar o desconhecido, desenvolvendo expertise, empreendendo ações que nos deslocam para a realização dos nossos desejos, vontades e metas. É o espaço que quando agregado ao meio acadêmico nos permite transitar entre a Teoria e Prática, possibilitando saborear a história, as teses, os artigos, as proposições de tantos estudiosos e pesquisadores que nos deixaram generosamente seu legado.

Apenas EU posso investir na minha trajetória, enfatizar meus pontos fortes, administrar os vulneráveis, estudar, aperfeiçoar, sair do casulo, abrir as asas coloridas e VOAR tão alto quanto eu possa desejar.

Caminhar com pernas  longas, passos largos, ver ao longe, esmiuçando cada fragmento do percurso, antevendo riscos, estabelecer planos para diante dos imprevistos, obstáculos, superá-los.

Óbvio que não é tarefa fácil ser o ator principal de uma trama, da sua própria vida. E é por esta objetiva razão que é preciso assumir os personagens, scripts que se nos avizinham e tomam nossos sentidos e emoções. Empresa não é bicho tampouco papão.

Dolabella (2013) afirma que a empresa indiscutivelmente é o único espaço que gera riqueza sustentável e após refletir sobre esta afirmativa, preciso concordar, pois imaginando nossas vidas hoje sem estes espaços, seria pouco provável existir a dinâmica necessária às demandas das pessoas.

O Brasil “adora” no sentido de colocar no altar, a miséria, a pobreza, tanto que suas políticas públicas ainda são constituídas não para proporcionar autonomia e protagonismo às suas comunidades e sim fomentar a dependência, a inapetência e atrofia mental. O povo fica tal qual um pequeno pássaro no ninho de boca aberta esperando o gotejamento do alimento, da água, da ninharia e é inaceitável pois estamos falando de um povo, criativo, empreendedor, flexível, aguerrido, alegre.

Os mais valentes e inconformados migram para outros países, trabalham o dobro, juntam recursos, compram casas, carro, abrem suas empresas e por fim retornam a pátria mãe sentindo-se mais digno, protagonista.

O povo precisa sair desta condição de coitado, vítima da história e reagir. Usufruir das bolsas, dos seguros apenas e tão somente quando necessário.

Penso que os universos decisivos a cooperarem nesta transição sejam a academia e o mercado. A academia com pesquisas divulgadas de forma ampla e irrestrita e não tão somente nas prateleiras das Instituições de Educação e o mercado fazendo o que discursa, dando espaço para as pessoas poderem argumentar, questionar sim, criar, propor e ter liberdade para avaliar se a sua remuneração é do tamanho que ele (a) quer receber.

Nascemos sem raízes, portanto a nossa máquina foi feita para caminhar, saltar, correr, superar. O que mais você está esperando?

O senso comum afirma ser o industrialismo uma fábrica de infelizes, pois as pessoas não realizam seus próprios sonhos e sim os sonhos do patrão. E se você usar o espaço do trabalho para, além de contribuir com a realização do sonho do seu empregador, que remunera um espaço ara sua atuação, você buscar concretizar os  seus sonhos igualmente? Pense…Esta perspectiva é real e efetiva.

Trabalhar para viver é pequeno, viver para entre outras coisas que fazemos, trabalhar, servir, agregar, conquistar é grandioso.