GTA: Alimento Funcional – 07/01/2011

ALIMENTO FUNCIONAL: VOCÊ COME OU BEBE ESSA NOVIDADE?

Prof. Doutor Francisco Carlos Donatti


O ser humano busca na sua alimentação atender principalmente a dois princípios: o prazer em saborear um alimento ou refeição e preencher suas necessidades nutricionais.

Na alimentação animal o objetivo é suprir as necessidades nutricionais para se obter a reprodução da espécie, e nos casos específicos, a produção de alimentos e outros produtos (peles e objetos de adorno) usados pelo homem.

A ciência busca conhecer a composição dos alimentos e a importância de cada um desses componentes (nutrientes) para o organismo, determinando se são benéficos ou não.

Nas últimas décadas, com o aumento do consumo de alimentos processados em indústrias, aumentou-se a ênfase, por questões nutricionais ou de marketing, nas finalidades fisiológicas dos nutrientes.

Estes estudos passaram a qualificar alguns alimentos como Alimento Funcional que é definido como aquele que além de fornecer os nutrientes básicos, possui um ou mais componentes ativos que proporcionam benefícios à saúde e auxiliam na prevenção de doenças.
Entre os principais Alimentos Funcionais podemos destacar o tomate, a linhaça, o brócolis, a couve de bruxelas, o repolho, o alho, a cebola, as frutas cítricas, as ervas aromáticas (orégano, manjericão, etc.), o cravo, o vinho tinto, cereais como aveia, o azeite de oliva e óleos vegetais, além do peixe e seus óleos.
Ultimamente a soja tem despertado grande interesse por sua riqueza em fitoestrógenos (isoflavonas), que tem como ação ajudar a reduzir triglicerídeos sem reduzir o HDL que é o colesterol bom.

Os Alimentos Funcionais podem ser classificados funcionalmente como alimentos Prebióticos, que são principalmente os frutooligossacarídeos (FOS), os  glucoligossacarídeos – GOS e mananoligossacarídeos – MOS.

Prebióticos são compostos ricos em açucares, e podem ser naturais, derivados de plantas, ou sintéticos. Como são fibras solúveis, ajudam a reduzir os níveis de colesterol e glicemia do sangue.

São, portanto, substâncias que modificam a composição da microbiota intestinal de tal modo que permitem a colonização predominante por bactérias benéficas, especialmente Lactobacillus e Bifidobacterium.

Além de atuarem de modo a favorecerem o crescimento e ação de microorganismos benéficos, os Prebióticos produzem mudanças positivas e importantes no sistema imunológico e nas características fisiológicas e anatômicas do sistema digestório.

Sua ação sobre o sistema imune se explica por promoverem o crescimento das populações de bactérias benéficas, como Lactobacillus e Bifidobacterium, que têm a capacidade de produzir substâncias com propriedades imunoestimulatórias.

Outro grupo de Alimento Funcional muito importante é o dos alimentos Probióticos.

Atualmente é definido como “suplemento alimentar microbiano vivo, que afeta de forma benéfica seu receptor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal”.

Portanto, diferentemente dos Prebióticos, aqui temos alimentos processados com microrganismos vivos que ingeridos exercem efeito benéfico na flora bacteriana do hospedeiro.

Os probióticos têm sido crescentemente ofertados à população na forma de alimentos industrializados, principalmente em produtos lácteos, o que pode ser constatado pela presença no mercado de leites fermentados, iogurtes e outros produtos alimentícios; ou através de produtos farmacêuticos, na forma de pó ou cápsulas.

Há evidências científicas do potencial dos Probióticos na melhora da qualidade de vida dos portadores de algumas enfermidades, inclusive o câncer, que significa que este fato gera grande expectativa na esfera científica.

Além destes há os Nutracêuticos, termo que vem sendo usado para definir um conjunto de substâncias que se situam numa faixa entre comida e remédio, ou nutriente e medicamento, que compreende nutrientes tradicionais, como vitaminas, sais minerais, aminoácidos e ácidos graxos poliinsaturados, que se apresentam no mercado em alimentos, bebidas ou como componentes de suplementos alimentares.

Entende-se por Nutracêutico, um alimento ou parte de alimentos que oferecem benefícios medicinais, incluindo a prevenção e/ou tratamento de doenças.

Também fazem parte desse grupo não-nutrientes como as fibras, além de outras substâncias que tem indicação de contribuir para a prevenção ou mesmo cura de certas doenças, dentre essas substâncias temos o licopeno do tomate, o resveratrol do vinho, os fitoesteróis da casca da uva, os lactobacilos vivos e os antioxidantes, presentes em alguns alimentos, por isso são muitas vezes chamados de alimentos funcionais.

É importante esclarecer que na maioria dos casos o mecanismo de ação não está plenamente explicado, sendo seus benefícios para a saúde baseados em observações clínicas mais que resposta a ensaios bioquímicos ou fisiológicos.

Portanto, fica claro que saúde se obtém com a ingestão de alimentos saudáveis e em quantidades adequadas a cada fase da vida.

O uso de alimentos mal conservados, em quantidades deficientes ou excessivas, bem como em dietas desbalanceadas, antes de promover saúde, tornam-se causadores de estados patológicos.

Gestão é um trabalho de equipe, por isso contamos com sua colaboração.

Prof. Dr. Francisco Carlos Donatti,
Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Professor do Departamento de Nutrição Animal e Pastagem da UFRRJ.