Trabalhadores saudáveis – 08/02/2012

Ter trabalhadores saudáveis é estratégico para as empresas?

Em recente artigo publicado na Harvard Business Review destacou a importância da área de saúde deixar de ser considerada uma despesa para se transformar em um elemento estratégico para as companhias.

 

De acordo com os autores, os programas de sucesso têm alguns pilares:

- Liderança em vários níveis

- Alinhamento com as estratégias da companhia

- Escopo, relevância e qualidade das ações

- Acessibilidade

- Parcerias

- Comunicação

 

Estes pilares foram testados em empresas de sucesso e se constatou que o apoio decisivo das lideranças, a elaboração de um programa que esteja perfeitamente alinhado com as políticas da empresa e que prevejam ações de alta qualidade e que sejam acessíveis  a todos os trabalhadores e, se possível, também aos seus familiares e que contem com parceiros internos e externos e uma forte ação de comunicação.

 

Já se constatou  que a comunicação eficaz e o apoio da liderança são os principais pontos a serem aprimorados pelos gestores em saúde em nosso país.

 

Neste contexto, é fundamental a integração entre os diferentes setores das empresas, como recursos humanos, saúde ocupacional e assistencial para ter metas e indicadores que demonstrem a efetividade das ações e o impacto nos negócios.

 

A Gestão de Riscos acontece em um contexto social. Isso significa que as informações precisam ser compartilhadas por pessoas que são diretamente afetadas pelo conjunto de riscos, que conhecem elementos diferentes sobre tais riscos e que têm opiniões distintas sobre eles.

 

A “estrutura da Gestão de Riscos” descreve os arranjos na organização que proporcionam as bases para que o processo de Gestão de Riscos seja aplicado de maneira eficaz.

 

Isso está descrito na ISO 31000:2009 e incluiu o mandato e comprometimento da organização para gerenciar os riscos de maneira eficaz – por exemplo, através da liderança e da articulação de políticas claras, da alocação de responsabilidades para as funções de gerenciamento de riscos e do fornecimento de recursos apropriados, incluindo treinamento.

Inserção dos Trabalhadores nos Programas: Treinamento

Ainda em relação aos aspectos culturais vinculados à segurança e saúde do trabalhador, ao longo dos anos em que se lidou com essa questão, constatou-se algo, de certa forma, paradoxal, porém verdadeiro e importante.

Tão nefastas quanto às doenças e os acidentes do trabalho são as formas escolhidas por algumas empresas para com eles lidar.

 

O enfrentamento dessa questão, por sua complexidade e multicausalidade, não passa apenas pelo treinamento específico de trabalhadores para fazer segurança, independentemente das condições físicas onde o trabalho se realiza.

 

Acredita-se até que treinar trabalhadores para o estrito cumprimento de normas – em ambientes agressivos, desfavoráveis à vida, onde a organização do trabalho em nada favorece o seu exercício correto – sem lhes oferecer as condições necessárias e abertura para discutir, ponderar e propor medidas de melhorias, tanto no ambiente quanto na organização do trabalho, é exacerbar o estado de angústia que caracteriza a exposição, consciente, a riscos potencialmente capazes de gerar danos à saúde.

 

Isso porque, uma coisa é expor-se a uma situação de risco à saúde e/ou à integridade física, sem saber o que isso significa; outra, bem diferente, é ter consciência do problema e ter que a ele expor-se sem condições para agir.

 

Nesse caso, o dano não se restringe apenas àquele provocado pelo risco em questão, mas, também, pelo sofrimento de natureza mental de não poder proteger-se.

 

Oferecer essa condição ao trabalhador, na expectativa de que ela seja um caminho alternativo para a solução do problema acidentário, além de não representar solução alguma, aprofunda ainda mais o fosso que separa os propósitos da empresa em relação ao tema do engajamento voluntarioso e compromissado dos trabalhadores.

 

Nada mais danoso a qualquer programa de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho do que o constrangimento sofrido por trabalhador submetido a treinamento específico de segurança promovido pela própria empresa, mas que, ao tentar praticar as lições aprendidas, é impedido de fazê-lo, ora por decisão de suas chefias imediatas, sem justificativas convincentes para tal, ora por impedimento das próprias condições de trabalho.

 

No caso da segunda hipótese, o conflito está intimamente relacionado ao fato de o conteúdo do treinamento não ter considerado as peculiaridades do ambiente e do trabalho.

 

Em todos os sentidos, a ocorrência desse fato pode ser debitada à desvinculação da SST dos processos produtivos e da própria organização do trabalho.

 

Iguais a isso, ou pior, são determinadas posturas assumidas, de forma contundente, por alguns gerentes ao reivindicarem direitos legalmente instituídos para proteger trabalhadores, habitual e permanentemente, expostos a agentes nocivos à saúde, como os adicionais de insalubridade e periculosidade. E, da mesma forma, a aposentadoria especial.

 

UMA SAUDÁVEL SEMANA!

DR. LUDMAR ACOSTA DE OLIVEIRA.

MÉDICO DO TRABALHO – ADMINISTRADOR HOSPITALAR