GCE 1.2: O GESTOR PEDAGÓGICO E SEU COMPORTAMENTO HISTÓRICO – 24/11/2011

A Gestão Pedagógica enquanto atividade administrativa utiliza recursos para atingir objetivos com sucesso, é a condição necessária da vida humana, estando presente em todos os tipos de organização social.

Não obstante para estar sujeita a determinações sociais múltiplas que as colocam a serviço das forças e grupos dominantes na sociedade, a administração se constitui em um instrumento que não pode se articular, no entanto com a conservação do status como a transformação social, dependendo dos objetivos aos quais ela se propõe a servir.

De uma maneira geral, os trabalhos teóricos em Administração Escolar, publicados no Brasil, adotam implícita ou explicitamente, a pressuposição básica que, na escola, devem aplicar-se os mesmos princípios administrativos adotados na empresa capitalista.

Dessa maneira, a administração especificamente capitalista, condicionada por uma forma de produção em particular tem, em âmbito da teoria da administração, eterna validade universal.

É um caso particular absoluto da própria sociedade capitalista, considerada a nível de ideologia dominante, como uma organização social, perene e insuperável.

Atribui-se ao problema uma dimensão administrativa, desvinculando o todo social em que estão suas causas profundas. Vê-se como inadequada a utilização dos recursos disponíveis, a incompetência das pessoas e grupos diretamente relacionados, a tomada de decisões incompatíveis com seu desenvolvimento, solução e outras razões. Também o problema da gestão escolar se vê como eminentemente de natureza administrativa.
A maioria dos teóricos, no entanto, identifica na escola características que necessitam se ter em conta. Primeiramente, eles consideram a peculiaridade dos objetivos da organização escolar. Outra especificidade da escola diz respeito a seu caráter de instituição prestadora de serviços, que trabalha diretamente com o elemento humano. Finalmente, existe a consideração da intensidade do fator obreiro na empresa escolar.

Essas observações, entretanto, aparecem como um dos passos para a aplicação da administração empresarial pelo gestor de escola, se constituindo em uma identificação de cuidados que serão tomados para que esse processo tenha êxito e sucesso. Isso se deve ao viés que a administração enfrenta sendo uma questão meramente técnica, desvinculada de suas determinantes econômicas e sociais.

Essa postura acrítica mostra claramente ao se discutir o grau e as formas de aplicação das normas técnico-administrativas que origina a empresa capitalista na escola. As considerações nunca se aprofundam até o nível das implicações políticas das medidas propostas.

Por isso se expõe que a própria empresa tem como realidade inquestionável do ponto de vista político ocultar as contradições entre o trabalho e o capital existente.

Para expor que a teoria da Administração Escolar, ao esconder essa realidade por trás da aparência de neutralidade técnica, funciona como fator de homogeneização do comando do exercício da classe burguesa nesta sociedade. O capital impõe suas regras, não apenas no plano da estrutura econômica, mas também no grupo inteiro da sociedade.

Concretamente, não é o que acontece. Embora a nível de discurso defenda a eficácia e a racionalidade, a nível de ação acabam por prevalecer apenas os mecanismos de direção, relacionados ao controle do trabalhador. O que se verifica no cotidiano da escola é a hipertrofia dos meios representados meramente pelo número excessivo de normas e regulamentos com atributos burocratizantes, desvinculados da realidade e inadequados para a solução de problemas, no que somente faz piorá-los.

Profª. Drª. Anna Cecília Teixeira
Doutora em Ciências da Educação.
Profª. Faculdade Novo Milênio.
Profª Rede Doctum de Ensino.