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Trabalho e Segurança – 29/08/2011
Nos setores de atividades econômicas do pais, o ambiente de trabalho é desfavorável em matéria de saúde e segurança no trabalho, persistindo o quadro sinistro de elevadas taxas de incidência de acidentes de trabalho.
O mal é reconhecido pela maioria dos envolvidos que desempenham atividades no sistema organizacional, empregadores e empregados, mas são poucos os que tomam providências efetivas para erradicar o caráter inseguro das atividades diárias.
Existem nas empresas elevados riscos do trabalho em um processo produtivo bastante complexo, com predominância dos fatores humanos
As empresas no Brasil, são em sua maioria fruto da iniciativa privada nacional que se caracterizam por apresentarem uma cultura conservadora e muitas vezes refratária às inovações.
Entre estas empresas ainda predomina o entendimento que apenas as empresas de grande porte necessitam adotar um sistema gerencial com as funções básicas exercendo suas atividades e que o planejamento, a organização e o controle são conseqüências e não causas do desenvolvimento de uma empresa.
Este perfil das empresas brasileiras é perceptível em todo o País, onde a insegurança no trabalho é uma constante uma vez que as práticas prevencionistas não estão previstas no planejamento das atividades, isto é, inexiste um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho.
Algumas empresas que apresentam condições adequadas de trabalho agem de forma pontual e momentânea, com ações de segurança e saúde no trabalho oriundas de programas estanques desvinculados das outras ações do processo produtivo, centrados apenas nos riscos do trabalho e na legislação pertinente, sem a percepção de que estas ações isoladas são inúteis e dificultam ganhos reais de produtividade.
É comum considerar-se que, um programa voltado para a segurança e saúde no trabalho é algo muito complexo e às vezes até impossível de ser implantado.
Na maioria das vezes se atribui este raciocínio equivocado a fatores característicos tais como: curto espaço de tempo de execução das atividades, diversidade das atividades, elevada rotatividade da mão de obra, processo produtivo parcelado apresentando riscos diferenciados em cada etapa, empregados pouco qualificados, etc.
Mas este é um raciocínio bastante simplista, e absolutamente incorreto, uma vez que grande parte do que acidenta, faz adoecer e mata, origina-se de problemas técnicos e organizacionais, para os quais já foram encontradas soluções.
Não demandam desafios científicos, é só uma questão de tomada de decisão para implementar programas de segurança e saúde no trabalho.
A concepção dualística do trabalho – “trabalhar” e “trabalhar com segurança”
(predominante na maioria das empresas) – leva ao raciocínio, segundo Oliveira (2001), de que se pode efetivar uma atividade com procedimentos de pura execução, complementados por outros que garantam a saúde e segurança dos trabalhadores.
Porém, a execução correta de uma tarefa traz em si mesma o postulado da segurança, sendo a insegurança o pressuposto da realização de uma tarefa de forma incorreta.
A problemática da segurança e saúde no trabalho, que implica em elevados níveis de acidente de trabalho nas empresas brasileiras, está muito vinculada à conceituação global de desrespeito aos indivíduos e às leis.
Uma das maiores dificuldades de grande parte do empresariado brasileiro é tratar a segurança e saúde no trabalho como investimento. Isto representa uma deficiência educacional-cultural que está relacionada com as premissas culturais que, segundo Barros e Prates (1996), suportam as atitudes e comportamentos dos grupos na empresa e influem nas decisões tomadas e na forma de gerenciar.
Os valores, as crenças, as atitudes e os pressupostos fundamentais que são partilhados pelos membros de uma organização constituem a essência da cultura organizacional desta empresa.
Os processos e práticas organizacionais podem ser influenciados intencionalmente por um agente unitário, seja um indivíduo ou um grupo (a administração e os quadros dirigentes) numa direção pré-definida.
Isto significa que a cultura tem impacto nas atitudes dos atores organizacionais.
Para Oliveira (2001), qualquer ação humana tem como base a crença, ou seja, o indivíduo ao crer no que está realizando persegue o resultado com o qual se comprometeu.
Toda crença emana de algum valor, afirma este autor, portanto, uma vez que a segurança e a saúde no trabalho são entendidas pelos membros do corpo gerencial como uma dispersão – afirmam que não é isso que os clientes compram – também não será entendida como valor agregado ao negócio que eles dirigem.
A maioria dos responsáveis pelas empresas desconhece os benefícios ou retorno para a empresa quando do investimento em Higiene e Segurança no Trabalho, através da implementação do SGSST.
Este desconhecimento provoca nos empresários a falsa idéia de que esta é uma área mais assistencial do que técnica, sendo considerada como mais um “benefício” para os operários, de custo elevado para os empregadores, e, uma área de conflito com a produtividade, surgindo assim a resistência do empresário.