Bom Humor. Armadilha ou Diferencial Competitivo? – 09/12/2012

 

 

 

 

por, Maria Rita Sales Régis

 

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Bom Humor. Armadilha ou Diferencial Competitivo?


Bom do latim bônus, bôna, adjetivo. Que tem as qualidades adequadas à sua natureza! E Humor, do latim humore, pode designar tanto os quatro principais fluidos do corpo quanto a disposição do espírito que por sua vez nos remete ao uso livre de algo, ser dono e senhor…das nossas atitudes! Bem, com isto aterrissamos no interessante e conturbado tema da matéria: Bom Humor no ambiente organizacional. Uma armadilha ou diferencial competitivo?
Compreendo como de suma importância para toda e qualquer pessoa dominar este “fluído” que externamos no embate diário das nossas vidas. Temos duas opções claras: estar bem ou mal; receptivos ou ensimesmados, encerrados em nós mesmos. É como se estivéssemos dentro dos nossos carros, dirigindo velozmente e jogando cadernos, livros, caixas janela a fora. Fatalmente acabaria atingindo outras pessoas.
Assim é o humor! Você contamina facilmente o ambiente aonde chega e, para quem nunca presenciou um confronto entre o bom e o mau humor, saibam que o bom humor amplia, ilumina, sobrepõe o mau humor que se recolhe no seu próprio pesar.
Dentro de uma organização / empresa, é de suma importância adotar atitudes equilibradas que contribuam para a cola da confiança grudar em todos os relacionamentos, proporcionando liga que gera melhores resultados. O bom humor contribui para que a confiança ocorra, a credibilidade se consolide e as relações aconteçam de forma leve e natural. Imaginem-se de seis a doze horas por dia em um ambiente onde todos estão circunspectos, rostos crispados em sua agonia, desconfiados, defensivos e pouco disponíveis. Complicado suportar por muito tempo…um ambiente adverso, pesado.
Nosso cérebro funciona melhor quando não se sente ameaçado, acuado. As sinapses/ conexões ocorrem com maior velocidade e qualidade, garantindo uma disposição para a cooperação, para o encontro e por conseguinte, predispõe as pessoas a atuarem com o que há de melhor nelas..
O sorriso no rosto é o passaporte do bom humor. Carimba aí, diz o sujeito bem humorado e parte para aquele dia munido de um documento que fará diferença em qualquer fronteira de qualquer país. O sorriso abre portas sim, transforma, amacia, nos enleva.
Veja bem, disse sorriso e não gargalhada, excesso de ruído, piadas fora de horabrincadeiras de gosto duvidosas. A palavra humor fala de comicidade, mas não de excessos que as pessoas cometem para serem forçosamente engraçadas e destroçam toda a estrutura do ambiente.
Durante uma seleção o candidato, quem é de fato, deve sim revelar seu bom humor, sem, entretanto migrar para a caricatura do mesmo, tendo atitudes que extrapolam o aceitável em um ambiente de trabalho. Penso até que o profissional de seleção perceberá sem dificuldade a “disposição individual” de cada um ali presente e a pessoa de mais bom humor decerto permitirá maior acesso às competências outras que traz na sua essência e prática de vida.

As empresas hoje têm três importantes preocupações: a de contratar pessoas que agreguem valor, que sejam comprometidas com os objetivos da empresa e que consigam estabelecer relações de qualidade, sem rusgas e nós.
Como podem ver as três estão entrelaçadas pela cola que mencionei acima que é a confiança o que redunda no importante tema que é Clima Organizacional, ou seja, a tendência, a predisposição do ambiente organizacional. Portanto, se tenho colaboradores bem humorados e com boa disposição, fatalmente meus processos produtivos serão melhores bem como os atendimentos, contatos com clientes internos e externos e fornecedores.
Há profissionais que aprenderam a associar o sorriso, o entusiasmo a felicidade a uma coisa inadequada, equivocada, infantil até, atributo dos irresponsáveis e imaturos. Mas observem que surpreendentemente a história nos mostra que as pessoas mais bem humoradas são as que possuem no seu entorno um conjunto de variáveis que conciliadas, criam um anel de força, atraindo pessoas e situações favoráveis, enquanto que o mal humorado desloca sua nuvem de relâmpagos aonde quer que vá, atraindo ao contrário situações desfavoráveis.
Historicamente aprendemos que o bom está associado ao sério e ao que é caro. Portanto qualificamos o sorriso, a alegria a condição de ser feliz a pessoas que utilizam óculos com lentes cor de rosa, supérfluas, ou seja, que vivem na superfície da vida, boiando. Com isto geramos padrões de comportamento que reforçam a crença que este modelo da seriedade, da circunspecção é o que “causa” como se referem os adolescentes ao que chama atenção, encanta. Por esta razão o modelo “sério” de ser com seus acessórios (aparência, agenda, patrimônio, títulos) elevam os sujeitos a um status diferenciado de importância e valor. A importância é regida pelo volume de compromissos, mas isto é conversa para outra matéria.
Frente a situações adversas, guarde seu bom humor para um ambiente e pessoas mais receptivas. Sejamos suaves e discretos com aqueles que não conseguem abrir os olhos quando confrontados à luminosidade do bom humor, que preferem murmurar incansavelmente de tudo e de todos.
Na trajetória profissional conheci poucas pessoas bem humoradas. O modelo circunspecto prevalece até para garantir que o nível, o estado e condição do sujeito é diferente. Destes poucos, recordo que na vida deles prevalecia a marca do bem: bem sucedido, bem amado, bem vindo, bem promissor.
Os benefícios do bom humor no trabalho são inúmeros e mensuráveis. Quando, em qualquer empresa, o atendem com bom humor, respeito e precisão a propaganda é certa. O empresário terá um retorno fabuloso por conta das inúmeras indicações por meio dos sites de relacionamento e quem sabe até ter um vídeo postado no youtube mostrando seu diferencial.
Ser bem humorado não significa ser uma pessoa disposta a colocar uma inofensiva rã dentro do sapato do/a colega que tem fobia de anfíbios. Ao contrário, é mostrar-se disposto, superar obstáculos, agir com sabedoria e, sobretudo elegância, pois se trata de etiqueta, de educação do conviver. É uma questão de respeito aos limites, às fronteiras indevassáveis do outro que está ali ao seu lado em inúmeros projetos na empresa.
A felicidade pode e deve ser demonstrada em qualquer lugar com parcimônia e equilíbrio. Os resultados? Exercita-se mais os músculos do rosto, a pele fica mais bonita, o cérebro mais ativo, o sistema imunológico fortalecido, a energia circula mais e melhor; as pessoas o/a recebem, acolhem com uma disposição diferenciada, enfim a qualidade de vida que se tem e que é proporcionada a quem está no seu entorno é indiscutivelmente mais valiosa que qualquer soma em espécie.
Do que adianta completar 60 anos com um patrimônio invejável se não temos condição emocional favorável, disposição de espírito para viver e usufruir deste patrimônio?
Do que adianta ter tanto e se encerrar atrás das grades da sua alma? Fica esta pergunta para você refletir neste dia que será decerto muito agradável para todos nós.