A MULHER E A VIDA PRIMITIVA – 19/06/2012

 

RESUMO

Aborda a gênesis do aparecimento do ser humano no planeta Terra e a divisão sexual do trabalho.  Alinhava a  influência da mulher nas diferentes sociedades que permearam séculos pretéritos. Infere sobre as circunstâncias sociais em que a mulher foi inserida e preterida.   Registra  acerca do nomadismo sazonal dos lapões de hoje até migrações improváveis dos asiáticos que transferiram pelo Oceano Pacífico até a América do Sul e como tal fato refletiu na sociedade. Observa como   foi acelerada a vida da espécie humana.

Palavras-chave: mulher, inteligência, liderança, medo.

Não há consenso, segundo  Mello (2000) sobre a  época em que o homem como o conhecemos hoje apareceu sobre este planeta. Sua idade pode variar de duzentos a trinta e cinco mil anos, todavia todos os habitantes que vivem hoje e que são considerados humanos, desde as formas mais simples de sociedade tribal até a mais sofisticada das civilizações modernas, são advindos desta mesma espécie.

Nos primeiros tempos, segundo Muraro (2000), a paternidade era  desconhecida. Assim, os primeiros grupos de seres humanos foram matrilocais e matrilineares. Pode-se teorizar algo sobre a vida humana primitiva, tomando-se por base os costumes dos primatas e das sociedades primitivas que ainda existem. Provavelmente a ordem social era fluida e permissiva, contemplando casamentos permanentes, casamentos semi-permanentes ou casuais. As crianças do grupo  primitivo ficavam sempre com as mães, ou, quando a mãe  morria, com outras mulheres da família.

Em relação à vida, poderia ser nômade, seminômade ou sedentária. Poderia também ocorrer, de acordo com Muraro (2000),  desde o nomadismo sazonal dos lapões de hoje até migrações improváveis dos asiáticos que transferiram pelo Oceano Pacífico até a América do Sul.

Muraro (2000, p. 29) afirma que:

Em geral, não parece ter havido chefes ou líderes, mas sim rodízio de poder. Se houvesse conflito entre dois grupos do mesmo clã, um deles se retirava para formar outro grupo ou juntar-se a outro já existente. Esta organização político-social primitiva nada mais é do que  a verdadeira anarquia, isto é, grupos se governando a si mesmos sem a necessidade de chefes, líderes ou leis rígidas. Ainda hoje muitas sociedades primitivas vivem desta maneira. Marylin French (1985), em seu livro Beyond Power, enumera várias delas, como os esquimós, os hazda da Tanzânia, os bosquímanos, os IK, os mbuti, os dogrib, os netslik e vários outros povos africanos. A vida destes grupos em geral  não era  dura, pois, assim que o alimento escasseava, migravam para região mais fértil.

Certamente havia uma divisão sexual  do trabalho, mas, na maioria das vezes, segundo French (1985), ela tendia a ser arbitrária. Em algumas sociedades, as mulheres se ocupavam em fazer cerâmicas e os homens pescavam;  em outras sociedades, acontecia o contrário. Ocorria também em algumas outras sociedades a demarcação de tarefas para  cada sexo e, com muita rigidez.

Lévi-Strauss (1976), conta que viu um bororo quase morrendo de fome por não ter uma mulher que lhe cozinhasse a comida. Em tais sociedades, casar é um fato de vida ou morte, pois um homem prefere morrer de fome do que fazer um trabalho dito “trabalho de mulher”. Em outras sociedades primitivas não ocorre tal fato; ou seja, os mesmos trabalhos podem ser feitos por homens e-ou mulheres indistintamente.

Muraro  (2000, p. 29) escreve que:

Esta divisão de trabalho por sexo pode ter sido originada do fato de, por ficarem grávidas e se acostumarem a alimentar e a proteger os filhos, as mulheres tivessem tendência a alimentar e cuidar do grupo todo, enquanto os homens caçavam e pescavam mis para si mesmos. Em muitas sociedades atuais, as  coisas se passam desta maneira, sobretudo nas sociedades avançadas, em que as mulheres não só trabalham fora como dentro de casa, cumprindo uma dupla jornada de trabalho que nunca existiu para o sexo masculino. É  possível, assim, que a divisão sexual de trabalho tenha começado porque os homens queriam uma definição de suas funções como as mulheres tinham a sua, através da maternidade.

Consoante Louro (1999), nesse período, as tarefas femininas, certamente, possuíam mais valor do que as masculinas; todavia, no seio patriarcal, a situação se inverte, e trabalho da mulher, mesmo que seja igual ao trabalho do homem, tende a ser menos valorizado, mesmo até por causa da inutilidade do homem numa sociedade em que não se conhecia exatamente a sua função na procriação.

As mulheres, em quase todas as sociedades, Muraro (2000), sempre trabalharam mais do que os homens. Coletar alimentos, cultivá-los e processá-los toma muito mais tempo do que caçar e-ou pescar.  Sendo assim, geralmente os homens que se responsabilizavam pela caça e a pesca, ficavam com mais tempo livre do que a mulher.

Lévi-Strauss (1976) diz que como os bororos, os nsaw da África diziam de um homem solteiro: que ele tinha que trabalhar tão pesado como uma mulher.

Muraro (2000, p. 30) reflete:

Foram as mulheres que descobriram a arte de plantar os grãos férteis que eram colhidos sazonalmente e começaram a plantá-los com as próprias mãos assim que isto se tornou necessário. Porque coletar requere um território muito grande para alimentar pouca gente, e plantar, embora muito mais fatigante, implica que um pequeno pedaço de terra possa  alimentar muito mais gente. E foi assim que as mulheres se tornaram as primeiras horticultoras.

Hoje,  difere-se nitidamente  horticultura e agricultura: a horticultura era efetuada pelas mulheres com ferramentas manuais primitivas, e a agricultura, que só apareceu muito tempo depois, dependia de maquinário mais pesado e era feita basicamente  por homens.

Sendo assim, acelera-se a vida da espécie humana. A caça tornou-se importante a partir de trinta mil anos atrás, os barcos começaram a ser construídos há vinte mil anos atrás; nessa mesma época deu-se início à domesticação de animais e, conforme afirma Muraro (2000), os seres humanos começaram a usar arco e flecha. Faziam também cerâmicas.  Iniciaram também a utilização de agulhas, fabricando roupas de peles de animais e, se sentiram confortáveis em migrar para locais e lugares  mais frios. Nessa época, já havia, luz na noite e alimentos processados.

Com efeito, os homens mais e mais iam apertando os controles sobre a natureza, sobre suas vidas.

Profª. Drª. Anna Cecília Teixeira
Diretora do Colégio Americano Vitória.
Gestora Pedagógica do Americano Sistema de Ensino do ES.
Profª. Da Rede Doctum de Ensino