Índice de Capacidade para o Trabalho – 22/10/2012

A partir dos anos 80, com o processo de envelhecimento da população trabalhadora e a crescente necessidade produtiva de bens e serviços, as questões relativas ao envelhecimento funcional vêm constituindo uma prioridade no campo da saúde do trabalhador.

A Capacidade para o Trabalho tornou-se um importante indicador por demonstrar aspectos relativos à saúde física, bem-estar psicossocial, competência individual e condições do trabalho.
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O conceito de capacidade para o trabalho é uma condição resultante da combinação entre recursos humanos em relação às demandas físicas, mentais e sociais do trabalho, cultura organizacional e ambiente de trabalho.

Esse conceito é expresso como “quão bem está, ou estará, um (a) trabalhador (a) presentemente ou num futuro próximo, e quão capaz ele ou ela podem executar seu trabalho em função das exigências, de seu estado de saúde e capacidades físicas e mentais.”

O envelhecimento funcional é entendido como a diminuição da capacidade para o trabalho e pode ocorrer precocemente em relação ao envelhecimento cronológico frente às exigências do trabalho.

A aplicação do Índice de Capacidade para o Trabalho mostra propriedades psicométricas satisfatórias quanto à validade de informações, avaliação da capacidade para o trabalho em abordagens individuais

O Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) é um instrumento que permite avaliar a capacidade para o trabalho a partir da percepção do próprio trabalhador, por meio de dez questões sintetizadas em sete dimensões:

1) Capacidade para o trabalho atual e comparada com a melhor de toda a vida, representada por escore de 0 a 10 pontos;

2) Capacidade para o trabalho em relação às exigências do trabalho, por meio de duas questões sobre a natureza do trabalho (físico, mental ou misto) e que, ponderadas, fornecem um escore de 2 a 10 pontos;

3) Número atual de doenças auto referidas e diagnosticadas por médico, obtido a partir de uma lista de 51 doenças, definindo um escore de 1 a 7 pontos;

4) Perda estimada para o trabalho devido a doenças, obtida a partir de uma questão com escore variando de 1 a 6 pontos;

5) Faltas ao trabalho por doenças, obtida a partir de uma questão sobre o número de faltas, categorizada em cinco grupos, com escore variando de 1 a 5 pontos;
6) Prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho, obtida a partir de uma questão com pontuação de 1, 4 ou 7 pontos;

7) Recursos mentais, a partir de um escore de 1 a 4 pontos obtido pela ponderação das respostas de três questões.

Os resultados das sete dimensões fornecem uma medida da capacidade para o trabalho que varia de 7 a 49 pontos.

As instruções para cálculo do escore são encontradas em Tuomi et al (2005).18

Este questionário foi elaborado a partir de estudos realizados na Finlândia, com acompanhamento de uma coorte de trabalhadores de 1981 a 1992, em pesquisas sobre capacidade para o trabalho com base no modelo teórico estresse-desgaste.

Neste modelo, o desgaste resultante das cargas físicas e mentais do trabalho, mediado por características do trabalhador, pode gerar diminuição da capacidade para o trabalho e desencadeamento de doenças.

Esses estudos permitiram consolidar a base teórica sobre os principais determinantes, conseqüências e medidas de intervenção, relativo à capacidade para o trabalho e embasar a estruturação do ICT, que possibilita avaliar e detectar precocemente alterações e subsidiar informações direcionando medidas preventivas.

Desde a tradução e adaptação do questionário Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) no final da década de 1990, o questionário vem sendo utilizado em inquéritos populacionais junto aos trabalhadores.

Foram feitas algumas alterações no texto do instrumento visando garantir o entendimento das questões e poderia ser auto-aplicável desde que a escolaridade mínima fosse a quarta série do ensino fundamental.
Essa versão brasileira é encontrada em Tuomi et al (2005).

UMA SAUDÁVEL SEMANA!

DR. LUDMAR ACOSTA DE OLIVEIRA.

MÉDICO DO TRABALHO – ADMINISTRADOR HOSPITALAR